Humanização da UTI, um Desafio para alcançarmos.

 

Recentemente a SOBRATI foi procurada por setores importantes da imprensa brasileira para discutir o processo de humanização nos Estados Unidos, haja vista a extrema importância que tem alcançado naquele país, e as modificações efetuadas a cada dia nos hospitais e UTIs para se adequar num processo amplo e fundamental designado humanização, o de tornar humano.

 

Tornar-se humano foi um processo lento e gradual, nossos ancestrais não reconheciam o indivíduo, mas o grupo, na Grécia, mulheres, crianças e escravos não eram considerados humanos. A religião cristã, o judaísmo, transformou o homem a imagem e semelhança de Deus, impactando numa nova visão da pessoa, encontrando a identidade do seu corpo, sua imagem e palavra.

 

A idade média assolou o mundo com 1500 anos de escuridão, a ciência estagnou, a humanidade viveu a Peste Negra no ano de 1348 a 1349, dizimando 1/3 da Europa. Fatos que fizeram o ser humano repensar, refletir e abrir para um nova era, a era do humanismo onde o homem era o centro, as artes expressando suas vontades, convicções e sentimentos.

 

Surge a era industrial, máquinas, fábricas, o lucro, o mercantilismo nas relações, as comunidades vivendo em cidades onde o indivíduo é reincorporado à massa, às relações frias e individualizadas isoladas. A massificação do ser, a industrialização da medicina, a criação dos hospitais frios e pragmáticos, onde impera a ciência exclusivamente ortodoxa.

 

O século XX foi marcado por duas Grandes Guerras Mundo foi outra grande mancha na história da humanidade e da humanização entre os seres e, no Brasil, a escravidão durou 500 anos, poucos países no mudo puderam perpetuar tamanha desigualdade, pervercidade e agressão ao próximo.

 

Neste contexto histórico,  assistimos em 2009 o Brasil com 3500 UTIs, 35000 leitos para pacientes críticos, porém metade deles servindo a 20% da população com direito ao plano privado de saúde. Ou seja, Humanizar o quê ? Fazendo a justiça de que forma onde a não maleficência, a beneficência e exercer o princípio da autonomia, todos formando os princípio da Bioética,  para poucos.

 

Sabemos que nesta história cruel, seja no mundo, seja em nosso país, exercer a humanidade plena, ser fraterno,elevar o ser humano e colocá-lo como fim e não meio, é tarefa árdua, porque falar em humanização e a dos hospitais que recebem pessoas em sofrimento físico, psíquico e espiritual,  é falar de forma redundante e reconhecer por si a desumanização da saúde e da sociedade.

 

A SOBRATI não se cala, abre a cortina para sociedade julgar e refletir. Vamos abrir nossos hospitais e UTIs, vamos lutar pela assistência igualitária e humana, porque somos seres dotados de consciência e pertencemos a uma grande família, a família humana, que pensa e reconhece a mortalidade da matéria e imortalidade do ser. Somos Humanos, temos o direito a dignidade, o direito aos benefícios da ciência, o direito a ser reconhecido como um ser que sente e necessita da mão amiga e do seu semelhante, aquecendo o corpo, vivendo e passando por um mundo mais justo e solidário. Humanização: É a arte de amar o ser humano ....

 

“Um dia o amor será a primeira e principal disciplina a ser ensinada nas escolas de todas as profissões de saúde” ( Dr. Patch Adams, médico humanista, descrito na história “O amor é Contagioso” ).