SAÚDE: UM BEM  E DEVER PÚBLICO

A Feira Hospitalar realizada em junho de 2009 em São Paulo demonstrou a força da saúde com segmento econômico e importância social-cultural. Designada como Semana Internacional da Saúde, trouxe mais de 85000 visitantes e 1200 expositores estrangeiros e brasileiros. Equipamentos, tecnologia, ensino, pesquisa, enfim um universo próprio que reflete a sua importância no aspecto econômico, estando entre os três maiores setores em associação com a indústria farmacêutica.

São mais de 2 milhões de empregos, porém ainda faltam sérios investimentos sobretudo no sistema emergencial e alta complexidade. Segundo a Constituição brasileira, 10% do PIB deve ser investido em saúde, 12% pelo Estado e 15% através dos municípios. Metade dos Estados e municípios não conseguem efetuar o investimento previsto. Ainda, segundo a OMS, Organização Mundial da Saúde, o Brasil investe $ 280 por habitante/ano, três vezes menos que a Argentina, 10 vezes menos que EUA.

Na Emergência e UTI a situação é ainda pior. Preconiza-se que 6% dos leitos hospitares sejam de UTIs, índice alcançado em poucas capitais. Norte e Nordeste não atinge 2%. Outro problema, no Brasil há falta de leitos comuns-enfermaria, 26 leitos / 1000 habitantes, metade dos leitos necessários para demanda. Resultado? Unidades Emergenciais abarrotadas de macas, pacientes graves, idosos e crianças, aguardando 3 a 5 dias por um leito de UTI.

No ano de 2009 temos mais um grave problema, 5 bilhões a menos na saúde. Num total de 50 bilhões, são insuficientes para adequar as exigências dos custos cada vez maiores num país de 14% de idosos com previsão de 24% para 15 anos. São 3 milhões de cirurgias e 2 milhões de partos. São por volta de 18.000 leitos de UTI no serviço público e 18.000 leitos no sistema privado, porém um retrato cruel que atende a 80% que não tem acesso ao plano privado.

A saúde é um retrato do Brasil, um país que perpetuou a escravidão oficializada de cidadão negros, abandonou a prática há I século e perpetua as diferenças sociais onde há uma sólida fronteira entre 20% que possui assistência de saúde,escolas, moradia, segurança e transporte pagos e de qualidade. 80% esta a própria sorte, dependente do sistema público que ainda não atingiu nível para proporcionar dignidade ao cidadão. O investimento na Saúde e na Educação reflete toda uma história de segregação, preconceito e individualismo.

Clamamos com urgência para que possamos receber duas vezes de investimento, ou seja, 100 bilhões de reais vindos da federação. Reforçamos as responsabilidades dos Estados e Municípios que devem investir 25% da sua arrecadação na saúde, como fazem os países desenvolvidos. Cabe a toda sociedade exercer seus direitos e ética.

"O homem não vive numa ilha, uma sociedade equilibrada e humana reconhece o direito da saúde e da educação, tendo todo ser humano o direito constitucional a moradia, a liberdade e a manutenção da sua dignidade. Um tributo aos nossos sofridos pacientes, aos nossos colegas de saúde que exercem suas profissões no limite da entrega pessoal, acima de profissionais, são heróis anônimos que sustentam a ética social, dedicam-se esquecendo-se de si.. " ( Editorial da Revista Intensiva - Edição 21 ).