A tragédia das enchentes

Revista Intensiva - Editorial - Edição Fevereiro / Março - 2011

O Brasil inteiro assistiu ao drama das famílias e irmãos brasileiros sofrendo de forma cruel com a moradia precária. A tragédia das enchentes demonstrou porque somos intensivistas e ermegencistas: para estar presente nos momentos de angústia, de sofrimento e desesperança como os que vimos em casas simples desmoronadas, com os sonhos de muitas famílias que lá viviam. Sentimento de ausência, de medo, de abandono, de vidas que se foram, separando pais e filhos, irmãos e amigos. Mas não podemos deixar que o bem seja vencido pelo mal, devemos lutar, acreditar e ter esperanças. Neste sentimento o profissional de saúde que vive a emergência, a UTI, sabe que não é fácil acreditar. Não é fácil acreditar que um dia a humanidade venha a poder  superar tragédias desta magnitude. Porém, é nosso dever mostrar que sempre há esperança. Nesta edição da Revista Intensiva, fazemos uma homenagem a todos os sobreviventes e a todos os profissionais que lutaram para resgatar não só a vida, mas que lutaram para o resgate da dignidade humana que só a força coletiva pode alcançar.

Somos uma nação de homens fortes, que sobrevivem a desigualdades, que lutam para alcançar o direito de exercer a cidadania e que, aos poucos, vencem e demonstram que é possível mudar. Que todos os brasileiros tenham paz, que nossos irmãos mortos sejam lembrados como heróis, pois viveram com honestidade na simplicidade em que levavam as suas vidas. Não serão esquecidos, são vitoriosos na fé e no legado que deixaram - a esperança buscada em todos os dias das suas vidas.

“Vossos peitos, vossos braços,

são muralhas do Brasil’’

Mortes que não devem

e não podem ser em vão.