POLÍTICA DE ATENÇÃO AO PACIENTE CRÍTICO

 REVISTA INTENSIVA: EDITORIAL - MAIO/2007 - VOLUME IX

Ferrari D.  www.sobrati.com.br

A primeira Unidade de Terapia Intensiva de 6 leitos foi criada em 1926 na cidade de Boston pelo médico Valter Dandy. Nos EUA estima-se que já são mais de 7.000 Unidades em todo território americano, e no Brasil por volta de 2.000 Unidades com total estimado de 25.000 leitos. A exigência do Leito-UTI tem ultrapassado as normas da Organização Mundial da Saúde (OMS) que preconizava em torno de 4 a 6 % do total leitos mantidos em Hospitais, hoje direcionando já em 10%. Nos grandes centros urbanos, com hospitais de alta complexidade, podem representar até 25% dos Leitos. A alta demanda ocorre em virtude a evolução tecnológica que já admite Recém Nascidos com peso de 300g, idosos portadores de doenças crônicas e degenerativas com necessidade de assistência intensiva, e jovens vítimas de traumatismo em virtude da violência social e da modernidade tecnológica.

Sem dúvida, a UTI muda prognóstico, melhora sequelas e ameniza sofrimento. Estatísticas demonstram que pelo menos 80% dos pacientes internados conseguem superar a fase crítica. Este universo tecnológico, aliado da ciência, abre discussão para:  Altos custos, com gastos de 1.000 a 5.000 reais por dia de internação; Discussão para Bioética, onde a terminalidade da vida é questionada; A democratização onde ricos e pobres teriam o mesmo atendimento e em iguais condições, já que 80% da população brasileira depende do sistema público de saúde. Resultado: crianças, jovens e idosos esperam diariamente por um Leito-UTI em corredores de Hospitais superlotados com escassez de assistência. É a luta diária na busca do atendimento emergencial digno.

Neste processo desigual e injusto, a população e os profissionais de saúde, sentem-se incapazes, vivendo na perplexidade o cotidiano das salas emergenciais. São reflexos da sociedade onde seres humanos agonizam em corredores desumanos. Não há outra solução para a questão se a sociedade não se conscientizar da importância do Hospital seja público ou privado, como local sagrado e de Direito social, refletindo a cidadania do país.

Para solução do acesso democrático, humano e de qualidade para Terapia Intensiva, é urgente a necessidade das Unidades buscarem protocolos,tecnologia e identidade própria, conforme a realidade regional. A saúde brasileira gasta menos de 200 dólares per capita/ano e 8% do PIB. Países desenvolvidos chegam a gastar 25% do PIB e mais de 2.000 dólares/per capita/ano em saúde. Com 50 milhões de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza, a situação da saúde física, mental e social depende da alimentação, habitação, educação e saneamento básico, o que torna mais complicada a solução.

O intensivista tem o dever de zelar pelo paciente, com o seu hospital e otimizar o custo da UTI. É fator predominante da medicina de baixo custo e de alta qualidade. "Fazer UTI de qualidade com alto custo é dever, porém fazer UTI de qualidade com baixo custo é desafio". Na consciência, profissionais poderão dar à criança da periferia a medicina de ponta, a mesma buscada para seus filhos e familiares. Para a atenção ao paciente crítico, fazemos a diferença ...